por LAURIE GOODSTEIN
Publicado em 6 de Março de 2006
Em um encontro de portas fechadas essa semana, em um lugar indiscreto perto de Baltimore, um comitê de experts judeus na lei que prepara políticas para o judaísmo conservador considerará se levanta sua proscrição do movimento sobre rabinos gays e uniões do mesmo sexo.
Em 1992, esse mesmo grupo, o Comitê sobre Lei Judaica e Padrões, declarou que a lei Judaica claramente proibiu cerimônias de compromisso para “casais” do mesmo sexo e a admissão de pessoas abertamente gays às escolas rabínicas ou cantoriais. A votação foi 19 a 3, com uma abstenção. Desde então, líderes Judeus Conservadores dizem que eles observaram como parentes, membros da congregação e mesmo companheiros rabinos publicamente revelaram sua homossexualidade. Estudantes do Seminário Teológico Judaico em Nova Iorque, o navio-capitânia do movimento, começaram a abotoar seus botões dizendo "Ordenação sem levar em consideração a Orientação." Rabinos prepararam cerimônias de comprometimento do mesmo sexo a despeito da proscrição. A direção tomada pelos Judeus Conservadores, que ocuparam a posição central no Judaísmo entre a mais liberal Reforma e a mais estrita Ortodoxia, estarão intimamente observadas em um tempo quando muitas denominações cristãs estão girando na mesma direção. O Judaísmo Conservador reclama distinguir-se por aderir à lei Judaica e à tradição, ou halacha, enquanto franzindo para se acomodar às condições modernas.
"Isso é um bem difícil momento para o movimento," disse o Rabino Joel H. Meyers, um membro não votante do comitê da lei e vice-presidente executivo da Assembléia Rabínica, que representa os 1,600 rabinos de todo mundo.
"Há aqueles que estão dizendo, não mude o halacha porque o modelo paradigma da família heterossexual deve ser mantido," disse Rabino Meyers, uma postura que ele disse fazer parte. "Por outro lado, há um grupo no interior do movimento que diz, veja, nós perdermos consideração das pessoas mais jovens se nós não fizermos essa mudança, e o movimento parecerá chato e atrasado."
Vários membros do comitê da lei disseram em entrevistas que, enquanto qualquer coisa que pudesse acontecer em seus encontros às terças e quartas, havia votos mais do que suficientes para passar uma opinião legal (um teshuvah em hebraico) que apoiaria a abertura da porta aos membros do sacerdócio gay e uniões do mesmo sexo. O comitê da lei tem 25 membros, mas somente seis votos são necessários para validar uma opinião legal.
Os membros do comitê que se opõem a uma mudança podem tentar argumentar que a decisão é tão momentânea que cai no interior de uma categoria diferente e requer mais do que seis votos para passar, mesmo que cerca de 20, disseram os membros. Outros membros podem argumentar que nenhum voto deveria ser tomado porque o comitê e o movimento estão também divididos.
O comitê pode até adotar opiniões conflitantes, uma mudança que alguns membros dizem que simplesmente reconheceriam a diversidade no Judaísmo Conservador. As decisões do comitê não estão obrigando rabinos mas posicionam direção ao movimento.
"Eu não penso que seja tanto possível ou desejável a um movimento como o nosso ter uma aproximação a lei Judaica," disse o Rabino Gordon Tucker do Templo Israel Center, em White Plains, um membro do comitê que colaborou com outros três em uma opinião legal defendendo levantar a proibição da homossexualidade.
Mesmo se as cinco escolas rabínicas conservadoras — em Nova Iorque, Los Angeles, Jerusalem, Buenos Aires e Budapest — adotassem diferentes aproximações, o Rabino Tucker disse, "Eu não penso que necessariamente violentaria o movimento."
O movimento conservador foi por muito tempo o dominante no Judaísmo Americano, mas de 1990 a 2000 sua participação dos judeus nacionais encolheu-se de 43 a 33 por cento, de acordo com a Pesquisa Nacional de População Judaica. Nesse mesmo período, a participação do movimento de Reforma saltou a 39 por cento de 35, tornando-se o maior, enquanto o Ortodoxo cresceu a 21 por cento de 16 por cento. Estimativas são difíceis, mas há cinco a seis milhões de Judeus nos EUA.
Jonathan D. Sarna, um professor de história Judaica Americana na Universidade de Brandeis e autor de "Judaísmo Americano: uma História," disse, "Nos anos 50 quando os americanos acreditavam que todos deveriam estar na média, o movimento Conservador estava profundamente em harmonia com a cultura que privilegiava o centro. O que acontece quando a sociedade americana divide-se em eixos liberal-conservador é que a média é um lugar muito de difícil de se estabelecer."
Rabino Meyers, vice-presidente da Assembléia Rabínica, disse que ele se preocupava que qualquer decisão sobre homossexualidade poderia causar a migração dos Judeus Conservadores tanto ao Reformista, que aceita homossexualidade, quanto Ortodoxo, que a condena. Mas Dr. Sarna disse que alguns estudos sugeriram que muitos Judeus que eram mais tradicionais começaram a abandonar o movimento Conservador há mais de 20 anos, quando começaram as ordenações de mulheres. Poucos congregados estão preocupados a respeito da homossexualidade como seus líderes, disse o Rabino Burton L. Visotzky, um professor de Talmud e estudos inter-religiosos no Seminário Teológico Judeu, que gasta fins de semana em sinagogas por todo país como um estudioso visitante.
"Há tantas leis na Torah sobre comportamento sexual que nós escolhemos ignorar, assim quando nós zerarmos essa questão, eu tenho que me admirar com o que realmente está por trás.," disse o Rabino Visotzky.
A proscrição à homossexualidade é baseada em Levítico 18:22, que diz, "Não te deitarás com um homem, como se fosse mulher: isso é uma abominação.," e um versículo similar em Levítico 20:13.
O comitê da lei agora tem quarto opiniões legais sobre a mesa. Embora o argumento em cada seja diferente e complexo, duas opiniões essencialmente se opõem a qualquer mudança à atual lei desaprovando a homossexualidade, e uma defende a subversão da lei.
Uma quarta, escrita pelo Rabino Elliot N. Dorff, reitor e um professor de filosofia na Universidade de Judaísmo em Los Angeles, argumenta que as passagens no Levítico referem-se somente a uma proibição ao sexo anal e que relações homossexuais, cerimônias de rabinos e casamento são permissíveis.
"O que nós estamos realmente tentando fazer é manter a autoridade do halacha, mas também permitindo gays e lésbicas de ter uma vida amorosa sancionada e guiada pela lei Judaica," disse o Rabino Dorff, vice-presidente do comitê da lei.
Uma mudança na proscrição sobre homossexualidade tem sido oposta com firmeza pelo por muito tempo chanceler do Seminário Teológico Judaico, Rabino Ismar Schorsch. Mas o Rabino Schorsch está se aposentando em Junho após 20 anos, e seu successor poderia grandemente afetar a política. O Rabino Schorsch rejeitou ser entrevistado para esse artigo. Alguns oficiais conservadores disseram que, enquanto o Rabino Schorsch não seja um membro do comitê da lei, ele está muito envolvido em suas deliberações sobre esse assunto.
Se o comitê da lei não votar para mudar a proibição, alguns rabinos disseram, o assunto poderia ressurgir na convenção da Assembléia Rabínica em 19 a 23 de março, na Cidade do México.
Muitos estudantes no seminário disseram que eles acham a proscrição gay ofensiva e achariam bem-vinda uma mudança, disse Daniel Klein, um estudante rabínico que ajuda a liderar o Keshet, um grupo de direitos gays no campus. "É parte da tradição mudar, assim nós estamos inteiramente como parte da tradição," disse ele. Mr. Klein disse que mesmo que o comitê da lei não suspenda a proscrição essa semana, a mudança viria em algum momento no futuro.
"Imagine o que acontecerá 10 anos na frente quando alguns de meus coleas estão no comitê da lei, quando as pessoas de minha geração estiverem no comitê da lei," disse ele. "Não sera uma votação apertada."
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