Wednesday, July 02, 2014

Nosso alerta: a juventude está sendo despersonalizada

Prof. Alberto Libânio Rodrigues (*)

Cristo já dizia: “Vinde a mim as criancinhas”.  Isto nos leva a refletir que Cristo, como um bom psicólogo, sociólogo e, sobretudo, pedagogo que era, preferia trabalhar com as crianças e jovens, porque estes eram mais facilmente doutrináveis, pois estavam ainda no período de formação de seu intelecto, ao passo que os adultos “cabeças duras” (ou “cabeças-feitas”) representavam um trabalho mais difícil.  Ajunte-se a isto que a criança e o jovem de hoje é o adulto, o líder de amanhã.

Ademais, através do adulto, principalmente do mais velho, que está mais perto do final dos seus dias que os jovens e as crianças, a mensagem, a doutrina, pode andar, viver bem menos tempo, ao passo que, com o mais jovem, que tem uma vida inteira pela frente...

Além disso, o adulto ou o velho locomovem-se menos e com mais dificuldade: este, por cansaço, aquele por ter de trabalhar, de cuidar da família etc.  O jovem, não.  Ele é mais ágil, mais disposto, mais sociável.  Ainda mais.  Seu universo, portanto, é maior (apesar de estereotipado).  Logo, seu poder de comunicação é bem mais amplo.

A juventude de hoje pretende querer carrear para si os “méritos” de ser rebelde, contestadora, revolucionária etc.  A juventude sempre teve o mesmo espírito, a mesma afoiteza, em todas as épocas, em todos os lugares, só que a juventude de ontem não tinha à mão, com tanta facilidade, as drogas, o carro do papai (houve a época em que nem carro existia, é óbvio), os motéis, a pílula, os meios de comunicação, e por aí vai.

Naquela época, a família vivia reunida (eu não disse realizada, necessariamente).  Havia o chefe, o pai todo-poderoso.  A mãe, uma semi-deusa, que servia de elo entre os vis mortais (os filhos) e o dono do Olimpo.

Verdadeira ou hipocritamente, todos ali, na família de ontem, reunidos à mesa de jantar ou ao redor da lareira, viviam mais felizes e seguros de si, amparados e presos nos elos da família, célula-mater da sociedade, havia mais calor humano (pelo menos perto da lareira); mais confiabilidade e apoio mútuo; mais responsabilidade; maior entrosamento e, conseqüentemente, maior poder de comunicação.

A juventude de ontem também foi rebelde e cheia de modismos com uma diferença: o jovem de ontem, considerado rebelde, é o que ousava brigar com os pais, matar aula, beber cerveja ou vinho escondido dos pais, deixar de ir à igreja... O jovem rebelde de hoje, o de “cabeça-feita”, o moderno, é aquele que, quase sempre drogado, toma as chaves do carro do pai, e sai por aí em alta velocidade, joga o carro no abismo ou, pior, tromba em outro veículo e mata, às vezes, uma família inteira.

Alega-se que na família patriarcal vivia-se frustrado e que, atualmente, vive-se liberado e realizado, sobretudo no sexo, que é praticado, hoje, “sem sentimento de culpa”.

Será que liberar é ser irresponsável, não se preocupar com os estudos, com o trabalho, renegar a família?

Será que realizar é viver no mundo cor-de-rosa das drogas, “viajando” para o além?

Será que o “sentimento de culpa” é sinônimo de irresponsabilidade?

Será que liberar e realizar é reunir-se com os filósofos intelectuais dos barezinhos e reformar o mundo, ali, na mesa, diante das perfumarias e das drogas? (O pior é que estes revolucionários soldados dos bares acordam, no dia seguinte, com tanta dor de cabeça e mal-estar, que têm de ingerir alguma coisa, para recuperar o “equilíbrio da situação e tentar lembrar-se dos planos que foram traçados na véspera, ou voltar lá, no bar, e começar tudo de novo).

Reformar o mundo é cada um cumprir a sua parte no trabalho, na família, na comunidade.  É amar o nosso irmão, porém sem subjugá-lo aos nossos vícios e às nossas tendências.  Sem despersonalizá-lo, enfim.  Mas não é amar apenas filosófica ou liricamente.  É participar da vida dele, conhecer seu íntimo e caminhar com ele.

A DOUTRINAÇÃO HOJE

Os jovens não sabem que, sob esta falsa liberdade que lhes é concedida, uma poderosa trama de dependência e despersonalização está sendo urdida contra eles, em todas as partes do mundo.  E, depois, eu explico o porquê.

Os jovens, em sua maioria, são ‘early-adopters’, ou seja, aceitam facilmente, sem análise ou autocrítica todo produto, toda idéia ou todo modismo que a televisão anuncia ou propõe.  Isto, porque, como dissemos no início desta matéria, eles estão em período de formação e buscam, avidamente, novas informações, sem se importar com sua qualidade.

E tem rapazes que andam por aí como verdadeiros garotos-propaganda: toca-fitas e headphone; bip; blusão e calça de couro; camiseta; gorro; óculos escuros; tatuagem; luvas; tênis coloridos; cigarreira na cintura; bolsa à tiracolo.  Tudo padronizado e, a maioria, da mesma linha ou fábrica que investe milhões em propaganda, para obrigar o jovem a ocupar cada parte do seu corpo com uma bugiganga, um fetiche, um modismo.

O jovem está tão dependente e vem sendo tão desonestamente manipulado que, ao ser inventada a pílula, que prometia liberá-lo sexualmente, paralelamente vieram as drogas para inibir sua atividade sexual ou incapacitá-lo.

Veio a liberação sexual, mas veio a masculinização da mulher e a feminização do homem, com a moda unissex, por exemplo, que por trás do fato de ser um esquema de merchandising altamente rentável, pretende que o rapaz e a moça se despersonalizem e percam, cada um, sua identidade sexual.  Daí essa tendência maior que vem ocorrendo ao homossexualismo.

Um conhecido psicanalista dizia que o homem e a mulher são, cada um, duas “metades” isoladas e diferentes que se completam com uma união de corpos e mentes, perene, duradoura, equilibrada.  E tem mais: relações heterossexuais: homem e mulher; mulher com homem, para que uma metade possa completar a outra.  Daí vem a realização do par.  A frustração sexual é tão marcante em nossa vida, que alguns teóricos dizem que tanto Hitler como Napoleão, tentaram conquistar o mundo como compensação de algum trauma de ordem sexual.

Com a despersonalização sexual vem a insegurança, a frustração e a incapacidade para a auto-realização, sobretudo profissional.  Ademais, o incentivo às relações homossexuais pode ser um recurso que objetiva também o controle da natalidade, no futuro, porque, afinal de contas, em relação sexual homem com homem e mulher com mulher, não consta que se possa gerar filhos.

Como dizíamos, “deram” a liberação sexual para o jovem, mas cobra-se dele a perda da identidade sexual.  Encheram-no de fantasias sexuais, apenas, porque estas “fazem diminuir a capacidade intelectual, o desempenho verbal, manual e, enfim, o potencial humano”.

O corpo da mulher passou a ser explorado e comercializado em alta escala, a fim de que ficasse corriqueiro e deixasse de ser erótico para o homem e, ele, gradualmente, vá perdendo o interesse pelo sexo oposto.  No caso da comercialização da mulher, vejamos especificamente o caso da mulata que “há muito deixou de ser o nome atribuído à graciosa mistura de raças entre certo povo de origem céltica (os portugueses) e aqueles a que, segundo Camões, “o filho de Climene negou a cor do dia” (os negros africanos).  Hoje, a mulata é profissão, dá dinheiro e representa parcela considerável da receita total arrecadada pelo turismo brasileiro.  Preparadas, produzidas e embaladas para serem consumidas por um público heterogêneo, constituído, principalmente, de turistas estrangeiros, a mulata passou a ser um mero objeto de consumo tendo sido, inclusive, contrabandeada para o exterior e apresentada como exótica curiosidade tropical.  Em sua vida de operária da noite e do entretenimento, a mulata luta para sobreviver em um ambiente sempre hostil e de desleal concorrência”.

O menage-a-trois e o swing são também duas formas de embaralhar as cartas.

Aquele que tem a missão de eliminar a privacidade do sexo.  Este, provoca a derrocada dos padrões tradicionais da família.

Até na dança o esquema de “resfriamento” sexual funciona: das danças melódicas, suaves, de ritmo lento, passou-se às músicas barulhentas e aceleradas, que dispensam o contato corpo-a-corpo, como mais uma forma de eliminar o erotismo e a sexualidade do homem/mulher.  E, o barulho da música de hoje, tem, ainda a função de entorpecer os sentidos...

Como dissemos, a moda é outro fator de masculinização da mulher que, vestida como homem, não é tão atraente como se de saia, sandália, maquiagem... O negócio é anular todos os fetiches sexuais femininos.

O passo seguinte, em termos de moda, será feminizar o homem com trajes essencialmente femininos, auxiliados pela maquiagem, hábitos femininos etc.

Até o banheiro unissex já existe, com a finalidade de tornar o sexo coisa corriqueira e sem importância: máquina, apenas.  Sexo é coisa sublime, pura, que encerra, sobretudo no prelúdio, o máximo poder da comunicação entre dois seres.

SODOMA E GOMORRA

Diversas civilizações sucumbiram depois de haverem atingido o caso moral e social, que começou com a destruição da família, a quebra das tradições: o sexo grupal; o amor livre...

No caso de Sodoma e Gomorra, por exemplo, um emissário de Deus foi lá e avisou a todo mundo que, como castigo, as cidades seriam destruídas.  Hoje, seria drástico “destruir” este mundo corrupto e libidinoso que está aí.

O NOVO MESSIAS

Todo este estratagema que está sendo perpetrado contra o jovem tem em vista transformar o mundo de hoje numa nova Sodoma e Gomorra, e permitir que uma determinada raça – uma das mais inteligentes do mundo – assuma os destinos da Terra, com a apresentação de um novo Messias, Salvador da humanidade.

Este povo é tão hábil, poderoso e inteligente, que vem se utilizando do mesmo recurso que os bárbaros usaram para destruir o Império Romano: estão fazendo deteriorar os usos, costumes e tradições e infiltrando-se em toda a estrutura administrativa de todos os países do mundo, só que hoje, com dois novos poderes na mão: o dinheiro e os meios de comunicação.

O povo precisa de líderes e os cria, ou aceita passivamente os que são criados, tanto que isto reforça a clássica pergunta: “Será que foi Deus quem fez o homem, ou este que o criou”?

Como toda mercadoria ou idéia, a imagem do líder desgasta-se com o tempo e é preciso renová-la.  Assim é que, na época em que Roma dominava o mundo, aquele povo de quem lhes falei, achou que era hora de renovar a imagem de Deus – na Terra – através do Messias, o Cristo.  O povo estava meio descrente e a humanidade estava meio perdida.  Afinal, ficar milênios acreditando num líder que ninguém via, era meio frustrante e desgastante.  Urgia, portanto, colocar na Terra, junto com os homens, um líder – divino – porém de carne e osso.  E assim foi feito: o Messias apareceu, pacificou os ânimos da humanidade (Roma e Colônias) e renovou a imagem de Deus na Terra.

A intenção era outra, ainda: através daquele Messias, os seus mentores pretendiam dominar o mundo, já àquela época.  Porém, viram depois, que era meio cedo para isso, pois Roma estava muito poderosa e desconfiada.  Necessário se fazia eliminar aquele Messias que não mais servia aos propósitos de seus mentores, pois podia comprometê-los politicamente com Roma.

Para que isto não acontecesse, deixaram de reconhecê-lo como o verdadeiro Messias, a fim de que ficasse aberto o espaço para que um dia, quando os ventos fossem mais favoráveis, pudessem apresentar o novo, verdadeiro e definitivo salvador da humanidade.  Não o reconheceram como o verdadeiro Messias, mas deixaram que o povo fizesse, para que fossem plantadas as raízes do Cristianismo, alimentadas por eles, até hoje.

Como base de tudo isso, duas profecias intimidadoras: “Um mil passará e dois não chegará” e “Ele há de vir julgar os vivos e os mortos”.

Cumprir a primeira profecia, como dissemos, é meio drástico, pois implicaria em promover a destruição total do mundo, na qual esta raça de que lhes falo, poderia sucumbir, também.

A segunda, então, é que foi considerada a ideal, porque irá assegurar-lhes o controle total sobre a humanidade, por mais mil ou dois mil anos.

Aí é que entra a justificativa do processo de despersonalização da juventude.

Quase nenhum velho de hoje estará aí no ano 2.000.  Até lá os jovens de hoje já se transformaram em adultos e estarão comandando o mundo.  Não serão, porém, líderes perfeitos, pessoas normais e com personalidade definida, porque as drogas deixaram seqüelas irreparáveis neles; os usos e costumes tradicionais foram deteriorados.  A família será apenas um elemento passado, citada na literatura clássica ou nas obras de ficção.  No conjunto, a humanidade estará uma zorra, clima ideal para o surgimento do novo Messias, que virá colocar tudo nos devidos lugares, julgar os vivos e os mortos, separar os bons, e, com estes, formar uma nova raça, um novo muno.  (Não se alarme, ninguém, se perto do ano 2.000 todas as drogas forem liberadas, a fim de acabar de liquidar a turma).

Este povo de que lhes falo é tão hábil, que todas as suas tradições e padrões morais são mantidos à risca.  No resto da humanidade é que vem promovendo, em todos os segmentos, a derrubada das tradições da família; a despersonalização da humanidade; o caos, enfim.  Eles não, têm de se manter puros e intactos para não se deteriorarem.

O momento é de profunda reflexão e de atitudes conscientes e racionais, que permitam livrar a juventude desse esquema.  Atitudes que permitam salvar a humanidade antes da chegada do novo Messias.

Nosso alerta é para os jovens, para os pais, para os políticos, para os líderes de opinião e, principalmente, para os religiosos (verdadeiros).

Vamos, todos, parar de fazer o jogo que nos está sendo imposto.  O primeiro passo é eliminar, o máximo possível de nossa vida, a televisão e os demais órgãos de comunicação de massa, ou pelo menos, tentar selecionar melhor as informações que recebemos.  O segundo passo, daí mais fácil, é parar de consumir exageradamente, a fim de enfraquecer as multinacionais (e, até mesmo, superar a crise).

O alerta está aí.  Cabe a cada um de nós refletir se devemos continuar a ser teleguiados (e comprometer toda a nossa geração histórica) ou tentar salvar, se não o mundo, o país, o Estado ou nossa cidade, pelo menos nossa família e nossos amigos.  (É óbvio que, se cada um, individualmente, tentar salvar os seus, no conjunto toda a humanidade – menos um povo – estará salva).

O curioso em tudo isso, sem querermos ser drásticos, é que todo aquele religioso, ateu ou falso puritano, que tentar contestar “in totum” nossa tese, está intimamente concordando em continuar a fazer o jogo dos homens.

Não consigo, por ora, imaginar o biótipo do novo Messias.  Seu nome, porém, deverá ser Sion, e a nova religião, derivada do Sionismo.

(*) Publicado em 06/08/1983 no Jornal “Hoje – Jornal da Cidade” de Sete Lagoas, Minas Gerais.

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