Sunday, March 25, 2007

A Verdade sobre a Globalização

Cel. Ref. EB Roberto de Oliveira

"None dare call it conspiracy" (Gary Allen)

1. A GLOBALIZAÇÃO - geratriz de uma nova ordem mundial

1.1 INTRODUÇÃO

Os inexoráveis "determinismos históricos"

A História da Sociedade humana vem sendo demarcada ciclicamente por alguns supostos "determinismos históricos", aos quais os pseudos intelectuais logo aderem incondicionalmente porque os prenunciam como "inexoráveis", mas que - depois de atormentarem aos povos durante algum tempo - são todos relegados ao lixo sempre surpreendente da fecundidade maligna da mente humana.

Sem tentar focalizar exaustivamente o tema, anteontem foi o determinismo de Hobbes - do homo homini lupus - que nos propôs a primeira versão do Estado totalitário, o Leviathan ; ontem, foi o de Malthus profetizando uma inexorável explosão populacional e ameaçando-nos com a caminhada também inexorável da Humanidade para a hecatombe de uma fome universal, o que "justificaria" a eutanásia, o aborto e até o genocídio; foi somente há poucos anos que conseguimos nos livrar do determinismo inexorável da "caminhada do mundo para o socialismo", também somente após sofrermos quase cem anos de imensas tribulações e depois de uma contabilidade macabra da perda de milhões de vidas humanas, muitas delas vítimas da fome durante a implantação do sistema de produção coletiva na URSS, outras tantas exterminadas pelo Exército Vermelho de Trotski com requintes de perversidade, e muitas outras assassinadas nas prisões tipo LUBIANKA, ou mortas de inanição,doenças e maus tratos nos campos de trabalho forçado dos GULAGS comunistas, que proliferavam em alguns dos países dominados por este maligno determinismo que nos prometia a Justiça Social e o fim da História, mas foi definido pelo Papa Pio XI como "Sistema intrinsecamente perverso" e hoje poderíamos usar para ele o mesmo anátema que São Pio X lançou contra outro "ismo", catalogando-o como "síntese de todos os erros"... políticos, econômicos, sociais e até religiosos.

Bem examinados, todos os determinismos ovos da mesma serpente... Satanás!Eis que agora - chocado há pouco mais de vinte anos - já nos atormenta um novo determinismo histórico, também ele inexorável, e cuja excelência nos tem sido orquestrada ad nauseam por todos os grandes Órgãos de Comunicação de Massa (OCMs), dos quais ele recebeu um nome fantasia - GLOBALIZAÇÃO -, e este, hoje, nos promete o paraíso de um progresso econômico contínuo e acelerado para todos os povos, desde que nós, os tupininquins, aceitemos obedecer fiel e submissamente às teses, postulados e princípios indemonstrados, cuja aparente coerência técnica foi engendrada nas universidades dos Países Principais... mas cujos efeitos empíricos já COMPROVADOS são nada menos do que DRAMÁTICOS...

1.2 A GLOBALIZAÇÃO - na sua essência, apenas um novo internacionalismo Ninguém ignora que a utopia internacionalista - sonho de um planeta sem fronteiras, dirigido por um Governo Mundial único, com uma só moeda, um só idioma, uma só religião, etc., - não é uma idéia nova, pois já há muitas décadas ela vem integrando o receituário de muitas das "doutrinas" ou movimentos políticos, sociais e econômicos, como o socialismo utópico, o socialismo marxista, a maçonaria internacional, o ultra-liberalismo econômico, e de algumas correntes religiosas, como o islamismo, o sionismo e, recentemente, de um ecumenismo irenista surgido após o Concílio Vaticano II - versão religiosa do internacionalismo leigo - em busca de uma herética síntese mundial de todas as religiões.

O que é novo na atual proposta internacionalista, é que essa utopia já se descolou dos movimentos para os quais servia de inspiração, ampliou-se, aprofundou-se, gerou desdobramentos políticos, sociais e econômicos próprios, foi batizada pelos psicopolíticos como GLOBALIZAÇÃO e já configura, agora, uma autêntica IDEOLOGIA, que tem "slogans", postulados, axiomas, teses, dogmas e praxis próprios, que seus corifeus e adeptos difundem militantemente, buscando a adesão de terceiros.

Muitos dos nossos cientistas políticos, líderes sociais e chefes militares já estão conscientes e preocupados com a atuação dessa NOVA IDEOLOGIA gerada em matrizes estrangeiras, claramente inspirada e pregada do exterior, que tem amplitude multiforme e cuja proposta fundamental é ser intrinsecamente internacionalista, atributo que revela de forma inequívoca - como decorrência necessária - seu caráter anti-nacionalista.

Coerentes com a própria lógica interna da sua IDEOLOGIA, os corifeus desse novo determinismo são militantemente anti-nacionalistas, como o comprova o seu insistente proselitismo, orquestrando as teses indemonstradas da "inexorabilidade" e "excelência" da globalização e da decorrente interdependência entre as Nações, teses que negam explicitamente e/ou que extenuam implicitamente, muitos dos tradicionais conceitos, valores e princípios essenciais à sobrevivência dos Estados Nacionais Soberanos, como a INDEPENDÊNCIA e seu corolário, a SOBERANIA; a AUTODETERMINAÇÃO e seu corolário a NÃO-INTERVENÇÃO, etc., agora substituídos pelos novos conceitos da "soberania limitada (ou relativa)" e/ou da "administração compartilhada"; pelo "direito de ingerência" e por outras teses correlatas, onde já se inclui até mesmo - ainda de forma um tanto velada e oblíqua - a dissolução das Forças Armadas Nacionais e/ou a modificação de sua tradicional destinação constitucional de Defesa / Segurança Nacionais, ambas as extenuações já conseguidas nos países "emergentes", obliquamente, ainda que apenas em parte ou em certa medida sutil.

O mais perverso efeito psicossocial dessa propaganda é que essas teses internacionalistas, difundidas ad infinitum pelos ideólogos da globalização através de múltiplos Órgãos de Comunicação de Massa (OCMs), contaminam como um vírus a todo o tecido social do País com idéias, valores e conceitos que induzem às pessoas inexperientes e/ou incultas, ou sôfregas de novidades, a aderirem a um anti-nacionalismo imanente, não declarado, apenas implícito.
Sancionando todas essas deduções, no Brasil nem é preciso comprovar que alguns dos acordos internacionais assinados sem ressalvas pelos nossos inefáveis diplomatas, já comprometeram gravemente a SOBERANIA e a INDEPENDÊNCIA do nosso País pois, ao firmá-los, o Governo Federal já transferiu grande parte do poder de decisão do Estado Brasileiro para entes estrangeiros multilaterais, como a OMC, o FMI, o Banco Mundial, etc., todos eles dominados pelas Nações Principais, e também para o Mercosul, este integrado por três nações hispânicas, nossas tradicionais confrontantes, que agora poderão interferir na autonomia de nossas decisões macroeconômicas, por votação majoritária num colegiado - o Conselho do Mercado Comum - onde elas têm maioria (sic) e onde o Brasil será sempre "um estranho no ninho"...
Essa abdicação de uma parte essencial da nossa SOBERANIA e INDEPENDÊNCIA transferidas em proveito desses entes multilaterais internacionais - verdadeira renúncia do Estado Brasileiro ao PODER de decidir livremente sobre o que convém (ou não) ao País, em TODOS os setores do Poder Nacional - agora já se tornou uma opção quase irreversível, pois se, amanhã, o nosso governo decidisse descumprir, denunciar ou romper alguns desses acordos, as retaliações políticas e econômicas que o País sofreria seriam de tão grandes proporções e de conseqüências tão graves que nos obrigariam a recuar dessa decisão e a aceitar submissos as imposições desses organismos.É assim que caminha - sob a indisfarçada liderança dos EUA - o processo da lenta e gradual fragilização institucional da Independência, da Soberania, da Autonomia e da Autodeterminação dos países ditos "emergentes" (ou Periféricos, ou Secundários), como o Brasil, até que se chegue em breve à extinção - indolor e incruenta - daqueles tradicionais valores e conceitos essenciais à sobrevivência dos Estados Nacionais Soberanos, quando, a partir da falência desses princípios, muitos países deixarão de ter existência de direito, embora de fato possam ainda ter algum tipo de existência virtual - como o Panamá ou Porto Rico - e, provavelmente, como o Brasil pós-FHC. Por conseguinte, quando qualquer Estado Nacional Soberano aceita aderir incondicionalmente à globalização e à interdependência decorrente desta, estará aderindo ipso facto a todos aqueles novos conceitos, propostas e teses indemonstradas, que foram engendradas exatamente para instrumentalizar o domínio das NAÇÕES HEGEMÔNICAS sobre as NAÇÕES SECUNDÁRIAS (ou PERIFÉRICAS), entre estas o Brasil. (1) ( Ten. Brig. Ivan Frota - 1993 - não textuais)

A realidade é que essa nova utopia internacionalista - depois que se transmudou em globalização - vem pouco a pouco desnudando o seu secreto desígnio final, a institucionalização de um GOVERNO MUNDIAL único, eis que seus dogmas e sua práxis acarretam necessariamente para os Estados Nacionais a perda progressiva da sua Independência, Autonomia, Soberania e Autodeterminação, sacrificadas em proveito da irrestrita liberdade global das Grandes Corporações economico-financeiras internacionais.1.3 A GLOBALIZAÇÃO - na prática, um processo sofisticado de neocolonialismo

Hoje, já são inúmeros os intelectuais, entre os quais muitos economistas conceituados, que nos alertam de que o conjunto de medidas políticas, econômicas e sociais que configuram o processo de globalização, produz nos países em desenvolvimento - não apenas no Brasil, mas no mundo inteiro - danos tão graves, tão agudos e tão perversos sobre a economia e a sociedade, que nos permitem afirmar categoricamente ser esta uma nova fórmula sofisticada e maquiavélica de neocolonialismo.

O processo da globalização tem um receituário único que vem sendo aplicado diligentemente em todos os países emergentes, inclusive no Brasil, e cujas linhas mestras são:· uma política monetária dita "austera", essencialmente baseada em taxas de juros primários excessivamente altas em comparação com a média das taxas internacionais, cujos efeitos perversos sobre a economia, a sociedade e a administração pública são nada menos do que DEVASTADORES; · uma política cambial centrada na sobrevalorização da moeda nacional em relação ao dólar, à qual se deu a alcunha de "âncora cambial", que pretende garantir a estabilidade dos preços, mas que funciona como um generoso subsídio às importações e é um severo e incontornável entrave às exportações; uma liberação não-seletiva, quase irrestrita, das importações de bens e serviços estrangeiros, sem limites de quantidade ou valor, o que causa no setor primário uma irreversível desestruturação da produção rural; e, no setor secundário, provoca a desindustrialização e a desnacionalização de vários ramos de atividades industriais, ambos os fenômenos causados pela substituição das matérias primas, dos componentes, insumos e produtos nacionais por "similares estrangeiros", desencadeando assim um agudo processo de downsizing ao longo de todas as cadeias de produção e gerando um maciço desemprego nestes dois setores produtivos da economia do país.

Os efeitos cruzados e cumulativos da sobrevalorização da moeda nacional, das taxas de juros primários excessivamente altas e da abertura "selvagem" do mercado interno às importações estrangeiras de bens e serviços, provocam inevitavelmente um insanável desequilíbrio na Balança de Comércio e nas Transações Correntes com o exterior, levando o País a uma permanente ameaça de um colapso cambial, o que o torna refém da entrada maciça de capitais externos caríssimos de curto e curtíssimo prazos para manter, ainda que precariamente, o equilíbrio em seu Balanço de Pagamentos.Essas três decisões macroeconômicas incongruentes entre si, máxime pelas suas altas dosagens, criam para o País uma permanente ameaça de súbita evasão de divisas, cujas elevadas reservas e saldos passam a depender essencialmente da contínua entrada de capitais externos caríssimos e de curto prazo, ficando a consistência de todo o modelo dependente da sua própria política monetária suicida de juros altíssimos, único instrumento capaz de evitar uma fuga cataclísmica de capitais e um conseqüente colapso cambial.

Mas, mantida a política monetária suicida de altíssimas taxas de juros, crescem exponencialmente a dívida interna e são atraídos capitais especulativos externos caros e de curto prazo, que provocarão a venda de mais títulos públicos mobiliários, que gerarão mais encargos financeiros futuros, e assim por diante...

Um círculo vicioso perverso que cria uma verdadeira armadilha financeira, e representa um autêntico ato de disfarçada pirataria internacional.

Desnuda a indiscutível incoerência desse modelo, o fato de que nesse receituário macro é indispensável que sejam adotadas previamente medidas de afrouxamento crescente dos controles do Estado sobre a área monetária e cambial, cuja tendência deve evoluir até à permissão irrestrita para que entes estrangeiros do setor de serviços tenham total liberdade de se instalar no País (principalmente os entes financeiros, os bancos, seguradoras, previdências privadas, fundos, planos de saúde, etc.) até atingir-se ao estágio final de uma completa desregulamentação dos fluxos dos capitais financeiros internacionais, como preconizada pelo maligno Acordo Multilateral de Investimentos (AMI) brecado recentemente ainda em gestação pela França.

1.4 Concomitantemente, é realizada uma "ampla reforma do Estado", sob o pretexto de se diminuírem os seus encargos sociais e administrativos e para se "retirar o Estado das atividades econômicas que ele indevidamente realiza", mas em realidade visando a se fazer uma rápida e lesiva privatização de todas as empresas estatais, PRINCIPALMENTE daquelas que atuam em atividades consideradas estratégicas, como a Embratel, a Eletrobrás, a Petrobrás, a Companhia Vale do Rio Doce, e outras.

Adiante ampliaremos convenientemente este tema importantíssimo.

1.5 Ao mesmo tempo em que, no campo social é implementada uma flexibilização - em verdade a extinção progressiva - de direitos dos trabalhadores há muitos anos já pactuados e pacificamente exercidos, com a justificativa de se diminuírem os custos das empresas, com vistas a se obterem ganhos em rentabilidade e competitividade.

Neste cenário, assistimos estupefactos Governantes que, até ontem, se auto intitulavam "líderes socialistas", como o Presidente FHC, promoverem uma drástica supressão de direitos trabalhistas conquistados ao longo de décadas de lento progresso social; além de provocarem deliberadamente o enfraquecimento institucional do sistema sindical - já bastante reduzido pelo desemprego maciço - mediante a diminuição das suas fontes de receita; e, usando da "liberdade de associação" como tese, tentam promover o fim da unicidade sindical, visando fomentar a rivalidade entre os sindicatos e acirrar a luta pela sobrevivência entre as Centrais Sindicais, e/ou entre estas e as Confederações, o que leva ao estiolamento do poder de barganha dos sindicatos, tanto os de operários quanto o de empresários.

O aspecto mais maquiavélico desse processo, é que a "diminuição dos custos" invocada para algumas (talvez muitas) das flexibilizações dos direitos trabalhistas seriam talvez negociáveis, e alguns dos pretextos invocados pelos ultraliberais para propô-las poderiam ser considerados até razoáveis, se limitados por uma escrupulosa preocupação cristã com a justiça social, mas que a sua implementação pelos governantes liberais ignora solenemente as mais legítimas aspirações de progresso social dos trabalhadores e os seus direitos há longos anos exercidos, o que não nos deixa qualquer dúvida de que essa flexibilização, uma vez admitida, tenderá a fazer involuir as relações de trabalho até à desregulamentação total, devolvendo-nos aos idos da 1ª Revolução industrial e ao ultra-liberalismo maldito do laissez-faire, laissez-passer.Confirmando essa estimativa pessimista, agora, como num paroxismo final da tese da flexibilização, os corifeus da GLOBALIZAÇÃO já levantaram a bandeira da livre negociação com a qual pretendem impor a prevalência dos "contratos de trabalho entre as partes" sobre toda a legislação trabalhista existente, e até mesmo sobre a jurisprudência dos tribunais, destarte fazendo desaparecer - de um só golpe - toda a legislação de proteção aos trabalhadores, para que passe a vigorar aquilo que a sabedoria popular já definiu como o "acordo do pescoço do enforcado com a corda".
Nem é preciso ser profeta para prever que - num ambiente de maciço desemprego e de enfraquecimento institucional do sistema sindical - a aprovação desta última tese diabolicamente engendrada, traria fatalmente o desaparecimento do direito ao repouso semanal remunerado, às férias periódicas obrigatórias, à irredutibilidade dos salários, à remuneração especial por horas extras e por horário noturno, etc., etc., o que nos remeteria de volta ao indigno cenário ultraliberal das desumanas relações de trabalho do século XIX, que acabaram por suscitar o aparecimento das correntes "socialistas" de várias inspirações.A realidade é que, sob os pretextos da flexibilização dos direitos trabalhistas e sociais, e da liberdade de associação sindical, os Governantes liberais submissos ao novo determinismo da Globalização, conseguem enfraquecer a capacidade dos trabalhadores e do empresariado nacional de se defenderem contra os excessos de Poder do novo Estado liberal globalizado.

Em síntese, a Nova Ordem mundial gerada pela globalização das economias - além de comprometer seriamente a Independência, a Autonomia e a Autodeterminação dos Estados Nacionais Soberanos - também traz no seu ventre mais um perverso efeito de gravíssimas conseqüências sociais, pois à medida em que avança a sua mplementação, os trabalhadores vão sendo privados progressivamente dos tradicionais direitos trabalhistas duramente conquistados ao longo de décadas de reivindicações e lentas conquistas políticas e sociais - direitos que devem ser agora suprimidos por exigência de princípios econômicos aéticos, como as "leis do mercado", a concorrência/competitividade, a eficiência/produtividade/rentabilidade/ lucratividade, etc., em cujo ápice é entronizada a sobrevivência dos "mais aptos" - empresas e pessoas - gerando em decorrência uma impiedosa exclusão social irreversível dos "menos aptos": isto é, as empresas "não-competitivas" e os "desempresários" falidos de um lado; e os trabalhadores "não-qualificados" ou "inempregáveis" do outro lado.

Aliás, há dois aspectos desse novo internacionalismo que deveriam ser objeto de detida meditação e estudos por líderes religiosos, sociólogos e cientistas políticos. Um deles, é que o PRINCIPAL ARTÍFICE E MAIOR BENEFICIADO por essa globalização abrangente e multiforme, é o ente apátrida e amoral que se convencionou chamar de Macrocapitalismo Financeiro Internacional - cujo principal centro de poder está situado indubitavelmente em WALL STREET, isto é, nos EUA; e o outro, é que a globalização está tornando realidade as duas profecias apocalípticas de Karl Marx, da concentração crescente do capital e da proletarização progressiva das massas. Estão aí para confirmar estas profecias, as grandes fusões de conglomerados econômicos e financeiros nos EUA e na Europa, e os milhões de desempregados (30 milhões na Europa, 12 milhões na América Latina e mais de 5 milhões no Brasil) ambos os fenômenos frutos desse novo internacionalismo new look. (2) (Fonte: OIT- 1995)

Os fatos nos comprovam, mais uma vez, que os extremos sempre se atraem... ou seja, o Macrocapitalismo Financeiro globalizado tende a provocar a volta do Socialismo marxista. Indiscutivelmente, os Estados Nacionais Soberanos que têm promovido de forma imprudente - como o Brasil - a inserção de seus mercados internos na economia globalizada, muito cedo acabam por sofrer os efeitos devastadores da implementação desse maquiavélico conjunto articulado de medidas macroeconômicas e sociais que guardam uma perversa coerência entre si, e que tendem a produzir o caos social e econômico nos Estados aos quais as Nações Principais decidem dominar economicamente.O Brasil está entre os países que mais rápida e imprudentemente abriu o seu mercado interno à liberação do comércio de bens e serviços estrangeiros e, por isso, é um dos que mais agudos, extensos e graves efeitos provocou - no curto período de apenas quatro anos - em suas Contas Nacionais e em seus índices sociais.

2. As matrizes estrangeiras do processo de globalização

A origem estrangeira das matrizes intelectuais desse conjunto perverso de medidas macroeconômicas e sociais pode ser consistentemente provada, se pesquisarmos de onde partem os principais vetores da propaganda sistemática que prega a "excelência" de todas essas teses, cujos efeitos LITERALMENTE DEVASTADORES já estão empiricamente mais do que comprovados pelos gravíssimos danos causados à Economia e à Sociedade - não apenas do Brasil - mas de TODOS os países emergentes onde elas vêm sendo aplicadas de forma irrestrita, tais como:

· enormes índices de desemprego;
· incontroláveis déficits comercial, cambial e em Transações
Correntes;
· gigantesco endividamento interno e externo; e
· extrema vulnerabilidade a ataques de capitais especulativos internacionais.

Confrontando as variantes do processo de globalização já em adiantada fase de implementação em TODOS os países latino-americanos, é fácil constatar que TODAS as medidas macroeconômicas e sociais enumeradas nos itens anteriores (ítens 1.1. e 1.2.) podem ser identificadas, integralmente, com os programas aconselhados aos governos desses países por matrizes estrangeiras situadas no Primeiro Mundo, entre elas órgãos governamentais dos EUA, como o Departamento de Estado e suas Secretarias de Governo; ou para-estatais como o "Centro Acadêmico Woodrow Wilson" e o tristemente famoso "Washington Consensus".
Concorrentemente, a aparente consistência teórica desse conjunto articulado de medidas vem sendo maciça e insistentemente pregada já há muitos anos por inúmeras Organizações Não Governamentais (ONGs) ultra-liberais entre elas o "Diálogo Interamericano", a "Carter Center A.A.S.", a "Atlas Foundation", o "Mont Péllerin", a Fundação Friederich Naumann, e até pela Fundação Konrad Addenauer supostamente social-democrata, et alii; além de sancionadas por estudos teóricos sofisticados elaborados por Universidades de renome situadas nos EUA e em países desenvolvidos (Chicago, Harvard, Princeton, etc.), assinados por economistas americanos e europeus famosos - e exaltados por técnicos nacionais importantes - estes, via de regra, pós-graduados em Universidades norte-americanas e/ou ideologicamente identificados com os governos centrais de índole ultraliberal dos países emergentes.

Sem dúvida, estamos já há muito tempo sendo alvos de uma gigantesca campanha de doutrinação psicossocial originada em países do Primeiro Mundo, que tem funcionado como uma autêntica lavagem cerebral, realizada com grande competência pelos entes estrangeiros acima enumerados (e por outros tantos) e amplificada/orquestrada por incontáveis Órgãos de Comunicação de Massas (OCMs) em nível de saturação, que vêm difundindo aqueles princípios econômicos e conceitos indemonstrados, e cujo principal público-alvo é a inteligentzia nacional dos países emergentes, em particular os seus economistas e os formadores de opinião. Mas essa doutrinação é orientada, de maneira muito especial, especificamente para seus líderes políticos e governantes (em exercício, ou em potencial), muitos dos quais são convidados a freqüentar cursos de grande prestígio nas mais famosas Universidades dos EUA, onde eles recebem maciças doses de argumentos teóricos e técnicos "demonstrando" a excelência e a inexorabilidade da globalização.

Concomitantemente, essas mesmas medidas de efeitos DEVASTADORES já comprovados, são LITERALMENTE IMPOSTAS aos países emergentes, quase todos muito endividados, como cláusulas de empréstimos concedidos pelos entes multilaterais que comandam os fluxos financeiros internacionais, como o FMI, o Banco Mundial, o BID, o BIS, etc., todos dominados pelos Países Principais.

Tudo "medido, pesado e contado"...

Adaptando uma conhecida frase do mestre Gustavo Corção, poderíamos dizer que essa nova corrente ideológica internacionalista é "liderada por um reduzido número de perversos que têm plena consciência dos males que causam ao seu País, seguidos por uma multidão de tolos e inocentes úteis, e auxiliados por um número crescente de ambiciosos, que se perguntam quanto podem ganhar com isso" (não-textuais).

Este paradigma se aplica integralmente à globalização abrangente e quase irrestrita a que as mais altas autoridades do governo federal estão imprudentemente conduzindo o Brasil já há alguns anos mas, com especial ênfase, rapidez e impatriótica submissão, o atual Governo FHC.

2.1 Os corifeus da globalização

Ver (3) - "As relações promíscuas, até mesmo incestuosas das privatizações" - (in boletim da UNAMIBB - n.º 30 - março/abril/99 - pg. 02/03); "Quem é quem no Governo" - "Os homens do Presidente" - (in "Caros amigos - Oficina de Informação" - n. º 02 - dez./98) e outros.
Já não existe a menor dúvida de que NÃO É mera coincidência o fato de que muitos dos titulares dos principais cargos que decidem sobre as políticas macroeconômicas em todos os países "emergentes" (no Brasil inclusive) sejam sempre escolhidos exatamente entre pós-graduados das Universidades norte-americanas que engendraram e vêm difundindo orquestradamente as mesmas medidas "globalizantes" que, em dezembro/94, levaram o México a um colapso financeiro - depois provocaram o mesmo efeito perverso em países da Ásia, em seguida na Rússia, depois no Brasil e, há pouco na Argentina e agora no Chile - medidas que esses tecnopols aceitam pôr em prática com impatriótica subserviência, embora estejam cientes e conscientes de que irão produzir em seu país o mesmo desfecho dramático !

Mas ninguém pode se surpreender com a submissão incondicional desses personagens às teses, doutrinas indemonstradas e exigências do FMI, Banco Mundial et alii, posto que quase todos eles, até há pouco tempo atrás trabalhavam para grandes entes do sistema financeiro internacional, pressupondo as autoridades que os nomearam, com uma ingenuidade tão irracional que desnuda a sua conivência, que eles se mostrariam irrepreensivelmente fiéis aos interesses nacionais, e que se atreveriam a contrariar as doutrinas engendradas nos mesmos ambientes alienígenas que eles freqüentaram por vários anos.

2.2 As privatizações - peças importantes do processo da globalização

No que concerne particularmente à privatização das estatais brasileiras, tem-se até mesmo notícia da existência de um documento estrangeiro - "Preliminary Ideas on the Developement of a Master Plan for Privatization" - elaborado em 1990 pelo CS FIRST BOSTON BANK, por coincidência o ano em que o Governo Collor promulgou a Lei n.º 8.031 que instituiu o PND (Programa Nacional de Desestatização). Naquele documento são traçadas diretrizes específicas para a privatização de várias empresas estratégicas brasileiras, tais como o Grupo Petrobrás e algumas de suas subsidiárias (a Petroquisa, a Petrofértil, etc.), a Embratel, a Eletrobrás e outras. (4) (citado no Relatório Final, do senador Amir Lando, na CPMI da privatização - 1994). Por conseguinte, no processo de globalização, as privatizações de estatais que realizam atividades estratégicas como a VALE DO RIO DOCE, a PETROBRÁS, EMBRATEL, ELETROBRÁS, etc., têm importância primordial, posto que o controle delas pelas Grandes Corporações internacionais, fortalecerá e prolongará a supremacia mundial dos Países Principais, particularmente dos EUA... cujos recursos minerais e energéticos já escasseiam, devido ao consumo predatório das suas sociedades super desenvolvidas. Vem a propósito relembrar uma famosa frase de Kissinger:

"Os países industrializados não poderão viver da maneira como existiram até hoje, se não tiverem à sua disposição os recursos naturais não renováveis (leia-se minerais e petróleo) do planeta. Para isso terão que montar sistemas mais requintados e eficientes de pressões e constrangimentos, que garantam a consecução de seus objetivos." (1978) (destaques e parêntese nossos)

A julgar pelo que vem acontecendo no Brasil pós 1990, principalmente no governo FHC, esses sistemas mais requintados e eficientes de pressões e constrangimentos vêm funcionando muito bem até agora.

Em outra ocasião pretendemos analisar o importantíssimo tema das PRIVATIZAÇÕES".

2.3 Desmistificando a "globalização", a "modernidade" e a OMC

(5)"ONU classifica OMC como 'pesadelo' para os países em desenvolvimento" - in Financial Times - on line - 15/08/00 - Da agência de notícias Reuters - Tradução: Paulo Migliacci (não-textuais)- (6)"Globalização = corrupção" (Editorial) e "Não quero ser cúmplice" - Prof. Marcos Coimbra - in Ombro a Ombro - agosto 2000) (não-textuais)a. Um Relatório da ONU
Se ainda pairassem dúvidas quanto aos verdadeiros objetivos ocultos do fenômeno da "Globalização", apontada neste nosso Estudo esquemático, como gravemente danosa a todos os países que adotam o modelo, elas deixariam de existir diante de uma Análise oficialmente encomendada pelo Secretariado Geral das Nações Unidas, na qual uma equipe indicada pela própria ONUclassificou a Organização Mundial do Comércio (OMC) como "pesadelo" para os países em desenvolvimento e sugeriu que ela deveria ser colocada sob a supervisão da ONU. A equipe - em relatório apresentada à subcomissão de proteção de direitos humanos das Nações Unidas - também descartou as regras de defesa do livre comércio defendidas pela OMC por serem baseadas em suposições terrivelmente injustas e até mesmo preconceituosas". (5) (textuais)

O Relatório final pede por uma "revisão radical de todo o sistema de liberalização do comércio internacional", e por uma consideração crítica de sua postura quanto a conceder benefícios iguais "tanto aos países ricos quanto aos países pobres".

Essas conclusões parecem ecoar as críticas feitas à liberalização do comércio internacional pelos grupos ocidentais da sociedade "civil" (ONGs) que se opõem à globalização. Muitos desses grupos localizados nos países em desenvolvimento, se opõem ao vínculo entre "livre comércio", "cláusulas sociais" e "defesa do meio ambiente", argumentando esses são apenas novos pretextos para que os países ocidentais (ricos) tenham uma desculpa para erigir ainda mais barreiras contra a importação de produtos fabricados em países pobres.
Alegam os técnicos que elaboraram o Relatório que as regras da OMC, "refletem uma agenda que serve apenas para proteger os interesses das corporações dominantes, que já monopolizam a área de comércio internacional". (5) (textuais)

b. Outras denúncias públicas

Está também se generalizando a constatação de que a "inexorável" GLOBALIZAÇÃO tem um elemento corruptor intrínseco e que não se restringe apenas ao nosso País. (6)"Globalização = corrupção" (Editorial "Ombro a Ombro" ago./00) Em muitos outros países, amplia-se a percepção de que o "globalismo" e a "modernidade" que lhe é atribuída, constituem pretextos para um colossal processo de transferência de patrimônio público para grupos seletos de "investidores", desnacionalização e concentração do controle das atividades produtivas e de renda, numa escala sem precedentes históricos. O exemplo paradigmático é o México, onde o Governo de Carlos Salinas de Gortari (1988-94) loteou a infraestrutura econômica nacional entre um grupelho de asseclas, aumentou de três para 26 o número de bilionários (em dólares) mexicanos e acentuou o desmantelamento econômico que culminou com a crise de dezembro de 1994. Não por acaso, Salinas de Gortari, egresso da Universidade de Harvard e íntimo da alta finança internacional - que pretendia fazer dele o presidente da Organização Mundial de Comércio - terminou seu mandato mergulhado em acusações de alta corrupção (e suspeito de cúmplice em um assassinato político), que valeram a seu irmão uma sentença de prisão (como mandante daquele assassinato) e a ele próprio um auto-exílio de vários anos.(6) - (in"Ombro a Ombro" Editorial - não-textuais).

E, recentemente, em carta aberta com o título "não quero ser cúmplice", o Sr. Pierre Galand, secretário-geral da OXFAM-Bélgica, apresentou sua demissão ao Banco Mundial fazendo várias denúncias, entre elas as seguintes: (verbis) "Tomo esta decisão por honestidade intelectual e coerência, ... Supus que colaborando estreitamente com o grupo de trabalho das ONGs do Banco Mundial, contribuiríamos para desenvolver ... o destino dos povos menos favorecidos da Terra. Isto não aconteceu. A pobreza aumenta, a fome mata. Certamente mais do que as guerras - e cresce todos os dias o número daqueles que não conseguem atendimento médico, de jovens analfabetos e sem família, alcançando cifras sem precedentes. Todavia, os remédios propostos pelo Banco Mundial para o desenvolvimento são remédios envenenados -- que agravam os problemas. Propõem uma política de ajustes estruturais que agravam o "dumping" social nos países do sul, deixando-os completamente sós e indefesos sob o domínio do mercado mundial. As empresas multinacionais chegaram ao sul porque os senhores e seus colegas do FMI criaram as condições necessárias para produzir com o "menor custo socìal". A intervenção conjunta do Banco Mundial e do FMI representa uma pressão contínua sobre as economias para que sejam mais competitivas e produzam sempre mais".( 6) - Prof. Marcos Coimbra - ago./00 (ídem, ibídem)

Este é mais um (entre tantos outros) reconhecimentos públicos de um estrangeìro, técnico altamente capacitado, revelando o processo de neocolonialismo a que estão sendo submetidas as nações mais pobres, por intermádio do processo de globalização, imposto pelos "donos do mundo". (6) (ídem, ibídem)

2. 3 Rumo ao Governo Mundial

(7) (Dr. Caetano Lagrasta Neto e Antônio Rulli Junior, Juizes do TA de SP (1997)(8) "Três anos para completar a globalização" - (Susan George - out./99 - Le Monde Diplomattique - attac/sp) (não-textuais)

a. O governo Mundial e a Rodada do Milênio

Comprovando o caráter anti-nacionalista da Globalização e revelando um pouco mais do secreto desígnio dos seus mentores de institucionalizarem um Governo Mundial único, há poucos meses os seus ideólogos, depois de já terem orquestrado ad nauseam os conceitos da "soberania limitada" e da "administração compartilhada", etc., passaram a pregar as novas teses da "soberania compartilhada" e da instituição dos Parlamentos Supranacionais (o nosso já instalado em São Paulo para a América Latina, o Parlatino); e já propõem a criação da "Justiça Supranacional", do "direito comunitário", de Tribunais Internacionais (ou Supranacionais) com órgãos, juizes e ministério público comunitários... e advogam a prevalência da jurisprudência supranacional sobre a legislação nacional... até há pouco somente dentro dos megablocos (CEE, Mercosul, ALADI, etc.) (7) (Dr. Caetano Lagrasta Neto e Antônio Rulli Junior, Juizes do TA de SP (1997).

Mas já estão propondo essas mesmas teses internacionalistas em âmbito mundial, como o Tribunal Penal Internacional, que já foi até tema de um Seminário organizado em Brasília ao final de 1999, sob os auspícios do Itamaraty, USP e outras entidades ligadas ao governo FHC, durante o qual se usou como título do evento "Governança Global", obviamente um pitoresco eufemismo para a expressão "Governo Mundial".

No mesmo sentido, também já estava em adiantado estágio de gestação quase secreta um Acordo Multilateral de Investimentos (AMI), que retiraria integralmente dos Estados Nacionais Soberanos toda a sua autonomia e soberania no tocante ao seu direto (e dever) natural de protegerem a economia dos seus países exercendo rígido controle sobre os capitais externos, os seus fluxos e a sua atuação dentro dos seus territórios. O esboço desse Acordo - que teve sua gestação brecada pela denúncia do governo francês - definia como delitos cominados com pesadíssimas sanções econômicas e financeiras, todas as iniciativas dos países periféricos para limitarem a liberdade dos capitais internacionais dentro dos seus mercados internos.
Embora brecados pela França, há poucos meses o Governo dos EUA, abandonando qualquer pudor diplomático, literalmente impôs um verdadeiro ultimatum à União Européia, exigindo que os seus países membros aprovassem uma desregulamentação urgentíssima - no prazo máximo de 3 (três) anos - de TODAS as atividades do comércio de bens e serviços para ser adotada na Conferência Ministerial da OMC (que denominaram de "Rodada do Milênio"), que teve início a 30 de novembro de 1999 em Seattle. (8) ("Três anos ..." - out./99 - Attac/sp) (não-textuais) E o que pretendiam os EUA?

Em primeiro lugar, queriam liberalizar ainda mais o comércio dos produtos agrícolas - sem acenar para a extinção dos generosos subsídios que os EUA, a União Européia e o Japão concedem aos seus produtos agropecuários - o que teria como conseqüência imediata colocar em perigo de extinção muitas atividades do setor rural nos países em desenvolvimento e que suprimiria, sumariamente, dos países mais pobres qualquer soberania sobre sua segurança alimentar.

Queriam igualmente o reforço do acordo sobre a propriedade intelectual, conhecido pela sigla TRIPS (Trade-related aspects of intellectual property rights, ou Aspectos comerciais dos direitos de propriedade intelectual) no qual está previsto até mesmo o patenteamento dos seres vivos como um dos destaques. (8) O Governo dos EUA queria também reforçar o Acordo Geral sobre o Comércio dos Serviços, chamado de GATS (General Agreement on Trade in Services). Neste novo e ainda pouco conhecido Acordo mundial, pretendiam "obter adesões reforçadas" as mais numerosas possíveis de todos os países membros da OMC, e os serviços ameaçados de cair sob a autoridade de regras da OMC não são apenas as transações comerciais (que já movimentam trilhões de dólares a cada ano), mas englobam quase todas as atividades humanas.
Em síntese, o atual governo dos EUA, queria impor a todos os países - em apenas três anos - um mundo desregulamentado para praticamente TODAS as atividades de serviços. (8) (não-textuais) ou seja, uma autêntica versão maquiada do mesmo AMI que tanta repulsa gerou ...
Afortunadamente, incontáveis ONGs internacionais se mobilizaram, invadiram Seattle, ocuparam ruas e vias de acesso nos locais dos eventos da Rodada e - em meio a cenas de pastiche e atitudes rocambolescas - conseguiram literalmente impedir a realização da Rodada do Milênio infringindo uma derrota fragorosa à política externa do governo Clinton que, aparentemente, recuou das suas pretensões de impor ao mundo inteiro, inclusive aos seus próprios "aliados", tantas novas "aberturas" em apenas 3 (três) anos de negociações.
Não obstante, sobrevivem ainda vários indícios consistentes sugerindo-nos que os governantes dos Países Hegemônicos, o G-7(+), decidiram apressar a Globalização irrestrita de todas as economias, mediante uma ampla desregulamentação do comércio de bens e serviços - em particular destes - o que eqüivaleria à instituição disfarçada de um Governo Mundial em condomínio, integrado por esses Países (G-7 ? G-15 ?), a ser exercido por intermédio dos entes econômico-financeiros multilaterais aos quais os Países Principais já comandam majoritariamente como a OMC, GATS, FMI, BIRD, BID, BIS, CCI, OCDE, etc., sem esquecer o FED e a banca de Wall Street.

b. Uma variante moderna para a "doutrina" geopolítica de Ratzel?

(9) "O grande vizinho do Norte" - Alain Torraine - FSP - "MAIS !"- 30/07/00 e (Gen. Ex. Dirceu Ribas Correa - 1999)

Esse "governo mundial" em condomínio - que já está em fase final de gestação - parece reviver a velha doutrina geopolítica de Ratzel, que justificava a conquista das países do Hemisfério Sul pelas Nações do Hemisfério Norte, argumentando que estas teriam o "direito natural" de se apoderar das riquezas dos seus confrontantes ao sul do Equador, ao longo dos meridianos, sob o pretexto de que esses povos não teriam nem o know how nem o espírito empreendedor para explorá-los, e os recursos naturais desses países seriam indispensáveis ao pleno desenvolvimento da Civilização Ocidental. E todos nós sabemos como essa tese geopolitica de Ratzel, "justificou" a conquista manu militare e a feroz colonização empreendida pelos Países europeus na África e na Ásia...

Vale à pena recordar, pois vivia-se então (e vive-se hoje) o auge do ultraliberalismo do "laissez-faire", da "mão invisível do mercado" e da mínima interferência do Estado na economia (de Adam Smith), teoria econômica que contribuiu sobremaneira para construir no mundo a "era do império" da Grã-Bretanha; e que, no Brasil, deu como fruto podre o Tratado de Methuen, que literalmente implodiu a nossa industrialização ainda incipiente, e nos deixou reféns comerciais da Inglaterra por quase 100 anos.

As Grandes companhias mercantis de ontem, como a East India Company ou a Royal African Company seriam as multinacionais de hoje. E não é demais relembrar a mais infame de todas, a Companhia do Congo, propriedade pessoal do rei Leopoldo 2° da Bélgica, que se estima haver causado a morte de 10 milhões de africanos, com requintes de perversidade. Pois era essa, então, a atmosfera de cobiça e violência que acabou por gerar conflitos extremamente sangrentos na China (guerra dos Boxers) e na África do Sul (guerra dos Boers), em última análise conseqüências do feroz imperialismo econômico-financeiro anglo-saxão.
A nossa era é a da Globalização e do Estado Mínimo (de Hayek, Von Mises, Milton Friedman, Guy Sorman, etc.), construindo a idade da "pax americana" e da cartelização do G-7, liderado pelos Estados Unidos, principal vetor, agente e beneficiário desse novo ciclo de ultraliberalismo.
Não é exatamente o que estão fazendo hoje os países do G-7, tendo os EUA à frente, com os países "emergentes", aplicando uma variante moderna da doutrina de Ratzel, tornando os seus confrontantes ao Sul suas colônias econômico-financeiras ? Até mesmo Alain Torraine, (sociólogo e amigo do Sr. FHC), já reconheceu isso explicitamente, admitindo que "o governo dos Estados Unidos prepara às claras um plano geral de incorporação de toda a América Latina à sua zona de influência direta. ....". É óbvio que ele usou a expressão "zona de influência direta" como um eufemismo delicado para não recorrer ao desgastado e cru "neocolonialismo". (9) "O grande vizinho do Norte" - sociólogo Alain Torraine - FSP - "MAIS !"- 30/07/00

Agora, já não se apossam das riquezas desses países manu militare como no passado. Mas o fazem pelo processo maquiavélico da globalização, impondo-lhes uma abertura irrestrita dos seus mercados internos ao comércio de bens e serviços, principalmente dos entes financeiros; e são eles os grandes beneficiários das privatizações "selvagens" e lesivas das grandes empresas estatais estratégicas dos países "emergentes" - do Brasil em especial ...

Atualmente, estão usando os novos "sistemas mais requintados e eficientes de pressões e constrangimentos", resultantes do processo sofisticado da globalização, tal como recomendado por Kissinger, - aliás, não por acaso, o mais importante ideólogo do Centro Acadêmico Woodrow Wilson (CAWW) e ex-Presidente do Conselho de Segurança dos EUA. E nem os pretextos mudaram... a superioridade racial e o seu direito natural estão implícitos na famosa frase de Kissinger atrás reproduzida.

Até os efeitos devastadores tendem a ser os mesmos: engendraram nesses paises uma gigantesca dependência financeira; estão se apoderando das suas principais fontes de recursos naturais; donde o enorme e crescente desemprego, a fome, a miséria e a involução social - como na África - onde os países sub-saarianos estão involuindo para a fase pré-colonial, com seus conflitos tribais, suas guerras, suas fomes e epidemias genocidas e maltusianas; ou - como no Brasil - onde estamos sendo levados em direção à africanização social pelo enorme desemprego, pelo empobrecimento agudo da população e pela devastação premeditada de todos os serviços essenciais (segurança, saúde, educação, vias de transportes, etc.), deixados por vários anos sem os recursos orçamentários mínimos indispensáveis, criminosamente desviados para pagamento das gigantescas despesas financeiras estéreis resultantes do pagamento dos juros devidos... aos próprios neocolonizadores...E, como vantagem extra, esse último cenário lhes facilita reintroduzir nos países assim desorganizados, um neocolonialismo também político e institucional, colocando no Poder - na África - os sobas africanos ; ou - no Brasil - um Quisling local qualquer, pré-escolhido e literalmente produzido pelos OCMs... (Collor, FHC, Lula, Ciro Gomes...), que serão auxiliados em suas vilanias por tecnocratas xenófilos adrede preparados em Universidades norte-americanas famosas, nas quais eles receberam maciças doses de lavagem cerebral e onde se tornaram cúmplices conscientes (ou não) de todo esse processo maquiavélico.
Vem a propósito ressaltar que, no início da década de 1970, a doutrina geopolítica de Ratzel era ainda ensinada nas principais Universidades europeias, e até em cursos especiais como o da Escola Superior de Guerra da Itália onde, nas aulas de Geopolítica, essa tese claramente colonialista e racista era ministrada sem qualquer ressalva ou pudor, para militares brasileiros que a frequentavam ... (tememos que ainda hoje esteja sendo ensinada). (9) (Gen. Ex. Dirceu Ribas Correa - 1999).

3. CONCLUSÃO

Resumindo esta nossa análise, podemos afirmar categoricamente que "A GLOBALIZAÇÃO É O NOVO NOME DO IMPERIALISMO" (Doutor Adriano Benayon do Amaral - 1998)

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