Wednesday, December 19, 2012

A Psicanálise deriva da cabala judaica


Toda a tese de David Bakan é de mostrar que a psicanálise é, em verdade, largamente derivada dos métodos da cabala judaica.  Nela se encontra essa corrente mística do judaísmo, a qual teve realmente seu desenvolvimento no século XIV, e que suscitou pelo seu séquito certas heresias ariscamente combatidas pelos rabinos, se perpetuou e alguma espécie se estabilizou na morada dos judeus hassídicos, que são hoje os herdeiros dessa tradição esotérica.

(...)

Os métodos dos cabalistas, segundo ele, puderam inspirar o procedimento psicanalítico.  Encontram-se, registra ele, que o método freudiano da interpretação dos sonhos, que consiste em extrair cada elemento de seu contexto, corresponde também exatamente  à «procura de sentidos escondidos ou mais profundos da Torah».  Os cabalistas, prossegue ele, interpretam a Torah «de uma maneira que parece assombrosamente àquela da interpretação psicanalista das confusões e divagações da expressão humana».  Segundo ele, Freud «queria nos informar que na psicanálise analisava-se um ser humano como os judeus haviam, durante séculos, analisado a Torah».

(...)

«Freud não limita essas considerações aos sonhos; no mesmo parágrafo, diz Bakan, ele continua dizendo daquela maneira que esse retorno em seu contrário é também empregado na mensagem social.  Se, de acordo com Freud, o contexto parece corroborar uma interpretação pelos contrários, como parece nesse caso, então a afirmação de Freud que ‘Moisés [...] foi um egípcio cujo povo havia necessidade de fazê-lo um judeu’ pode ser formulada de modo mais claro por: Moisés era um judeu que Freud teve necessidade de fazê-lo um gentio».

David Bakan estabeleceu aqui sua tese segundo a qual Freud é um herdeiro dos sabbatianistas, cujo um dos princípios, em sua tendência radical, era de pegar sistematicamente o contrapé da Torah e efetuar tudo o que nela era proibido.  Esses judeus cabalistas eram, então, caçados, excomungados pelos rabinos, mas sabe-se que na Europa Central, e particularmente na Polônia e na Morávia, precisamente, os sabbatianos haviam adquirido posições sólidas no seio do judaísmo.  Para David Bakan, o procedimento freudiano é, então, «o acabamento final do sabbatianismo».  É seu modo pessoal de cumprir a apostasia sabbatiana.

Não é um acaso o primeiro livro de Freud concernir à Ciência dos sonhos.  Nas antigas comunidades judaicas, as obras mais pedidas no mercado de livros ambulantes, nos dias de feira, se encontravam justamente as Chaves dos sonhos, que davam o significado de todos os sonhos.   «A chave dos sonhos de Solomon B. Jacob Almoli e Pitron Chalomot era um dos mais procurados» escreve Bakan. «O tratado Berakoth, um dos menos legalizados do Talmud, esconde uma das mais vastas exposições sobre os sonhos e sua interpretação da literatura rabínica.  Através dos séculos, ele servia de guia à interpretação dos sonhos».

Freud, então, seria então largamente inspirado nessas leituras, e Bakan registra sobre esse assunto: «a semelhança fundamental entre seus métodos e aqueles empregados na psicanálise já foram reconhecidos na literatura psicanalítica.» Nós achamos nela efetivamente bem traços fortes próximos à teoria psicanalítica. Assim, o Berakoth entrega essas explicações: se uma pessoa tem um sonho de ter regado as olivas com o azeite: «ele se trata de alguém que terá coabitado com sua mãe». Se uma pessoa tem um sonho que «seus olhos enlaçam um no outro, é «que ele coabitou com sua irmã». E se uma pessoa sonhou abraçar a lua, é que «ele cometeu um adultério».  Os sonhos, segundo o Berakoth, vê-se, têm um significado sexual e são o cumprimento de um desejo.  E se pode também constatar com David Bakan que a questão do incesto parece lancinante naquela comunidade.”

(“Psychanalyse du Judaïsme”, Hervé Ryssen, Éditions Baskerville, 2006, pp. 343-346)

A psicanálise atribui à sexualidade uma importância toda particular.  Segundo Freud, em efeito, todas as desordens neuróticas, mas também as diferentes manifestações da atividade humana, a criatividade artística como toda realização pessoal, seriam explicáveis, de uma maneira ou de outra, pela sexualidade.

Sobre esse capítulo, é necessário ainda constatar que Freud mal teve de abandonar seu judaísmo, acredita David Bakan, que prossegue sua demonstração sobre as origens cabalísticas da psicanálise: «a concepção da sexualidade como a fonte de toda energia impregna o Zohar e encontra seu paralelo na doutrina freudiana da libido, escreve ele.  Assim, o emprego por Freud da linguagem sexual para exprimir os mais profundos e maiores problemas da humanidade é plenamente o espírito da Cabala». Bakan conta também que «os místicos judeus, contrariamente aos outros ascetas místicos, atribuem a sexualidade ao próprio Deus.  O cabalista judeu via nas relações sexuais entre um homem e sua mulher a realização simbólica da relação entre Deus e a Shekhina».

Note-se aqui que, para os judeus, a forma ideal da sexualidade é concebida como heterossexual e realizada em particular no casamento, desde que a vitalidade seja atribuída ao elemento macho.  O conceito da bissexualidade, gerador de neurose, é quanto a ela transferida sobre o goy, que é convidado a se entregar a todas as experiências «liberais»."

(Idem, p. 369)

3 comments:

  1. Anonymous6:34 PM

    Será que os evangélicos sabem disso? Eu já ouvi até um bispo comparando a presença de Deus com o êxtase sexual. O que adianta querer combater certas coisas se a questão está nesse sexo
    Se foi Deus que criou a sexualidade então como fica? Por que eles atribuem isso ao próprio Deus???
    Será que os evangélicos sabem disso? E como fica se Deus tiver sexo?
    Deus porventura não é um espírito?
    Algo está mal explicado e Freud tentou soltar alguma coisa.


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    1. E como ficamos diante de comentários tão inconclusivos e reticentes como os teus?

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  2. Anonymous7:40 PM

    freud definiu o ser humano como sendo um animal cultural, porque ele mesmo carece de qualquer nobreza em seu sangue, entao criou toda uma pseudo ciencia baseada no que o homem de massa é. só as tradições mais antigas podiam elevar o ser humano a algo maior, como a filosofia grega por exemplo. a psicanalise é uma consequencia do ateísmo/materialismo, que nega tudo que o mundo ocidental foi durante seculos, pois PLATÃO quem criou as bases filosoficas da civilização ocidental. o homem comum, de massa, pode ser cultural, mas ha os que se distinguem disso, e pensam de forma diferente, e isso independente de raça e posição social, freud massificou o ser humano. por isso não creio nessa eugenia da psiquiatria judaica, na minha opinião o ser humano NUNCA VAI EVOLUIR, mesmo que continuem matando pessoas que não se encaixam nessa sociedade, esse mundo nunca irá a lugar nenhum. esse mundinho que esse sionismo quer construir irá se destruir por si proprio, e isso me satisfaz, pois quero ver a ruina total desse mundo moderno.

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