Sunday, February 19, 2006

Aborto e Espiritualidade Pagã

Por Willy Peterson

O Sacramento do Aborto, escrito por Ginette Paris (Spring Publications, Dallas, 1992), propõe o paganismo (p.e. politeísmo, feitiçaria, adoração à terra etc.) como um modelo superior a uma sociedade que luta contra as conseqüências do aborto.

Em acréscimo ao fornecimento de uma válvula de escape ecológica para a violação da população humana como sendo a origem de todos os males, Paris adota os modelos jungianos de mitologia como arquétipos universais para o envolvimento da consciência humana, um dogma comum entre neo-pagãos. Jung foi um espiritualista que era fascinado com o ocultismo. Suas idéias forneceram uma ponte multi-dimensional entre a psicologia mitológica-pagã e existencialismo, sendo o resultado a emergência de uma religião universalista e ateísta.

Tendo rejeitado a mensagem evangélica da Bíblia, Paris reduz o Cristianismo a uma mitologia comum em que o comprador pode apanhar e escolher de acordo com os caprichos individuais. Mas ela não se preocupa em deixar isso desse modo, mas faz campanhas pela sua morte, com unhas e dentes, além dos típicos valores da família pagã. Como faz esse trabalho ao lado de uma obrigação de aceitar a divindade de todos? Uma vez que a autoridade de Deus da Bíblia foi rejeitada, então a seleção por modelos viáveis se torna um ato de relativismo moral, sujeito a tendências carnais e novidades pós-modernistas tais como a destrutiva doutrina anti-humana do biocentrismo.

Como a história de Artemis justifica a tomada da vida humana inocente? De acordo com Paris, Artemis mata sua vítima por causa do amor. Se as mulheres se identificassem com ela, deveriam amar as crianças que lhe são oferecidas à morte. Esse "amor" se supõe fornecer um equilíbrio a sua folia sangrenta que imita as caçadoras em perseguições competitivas por suas vítimas. Com amigos como esses quem precisa de inimigos?

A religião de si mesmo representa o deus fundamental daqueles panteões pagãos que fornecem justificativas ao próprio apaziguamento de si. Atualmente, visões de si estão por trás de uma porção de máscaras ateístas como panteísmo, magia negra, psicanálise, Nova Era, humanismo, o movimento Eu Sou, e por aí vai. E agora, em nome de si, nossa humanidade resolveu que nós podemos assumir o trono do céu e progredir no trabalho, racionalizando a moralidade com o objetivo de conforto. Nesse ponto, a hipocrisia da natureza humana e suas sombrias ramificações tornam-se todas óbvias demais.

Os seguintes excertos fornecem um vislumbre na tentativa das bruxas introduzirem essa abominável prática com um ar de espiritualidade politeísta: Espiritualidade Pagã

"Eu tenho atraído inspiração por todo esse livro de uma imagem orientadora, Artemis, da mitologia Grega (conhecida pelos Romanos como Diana, a Caçadora). Ela é uma deusa indomada, uma campeã que hoje poderíamos pensar dos valores ecológicos ... seu mito é cheio do que parecem ser os mesmos tipos de contradições que abundam nas considerações do aborto. Artemis é tanto protetora de animais selvagens e uma caçadora que os mata com objetivos inerrantes..." (p. 1)

"A mesma deusa oferece, assim, proteção e também morte às mulheres, crianças e animais. Por que tais contradições aparentes ... personificadas em uma divindade feminina? É uma forma de dizer que um poder protetor de uma mulher não pode funcionar propriamente se ela não possui também poder total, em outras palavras, o poder sobre a morte bem como sobre a vida? Sua imagem nos pertence assim como à Antigüidade, porque como todas as imagens fundamentais da experiência humana, que C.G. Jung chamava de 'arquétipos,' ela nunca realmente faz envelhecer mas reaparece em diferentes formas e diferentes símbolos ... Ela nos encoraja a nos tornarmos mais cientes do poder sobre a morte, sua natureza inescapável, e seu papel necessário em uma ecologia vivente. Aborto é sobre amor, vida e morte." (p. 2)

"O inconsciente coletivo sempre usou diferentes caminhos para reduzir a população quando os recursos e o espaço estão carentes ou quando o clima social deteriora." (p. 26)

"Artemis teve uma reputação para vincular sacrifícios de sangue, incluindo os humanos ... uma prática que deu ao paganismo um tal infeliz nome.... A história de Artemis reivindicando Iphigena como um sacrifício pode ser contada e entendida em mais de uma direção ... em uma, Iphigenia é uma vítima, oferecida em sacrifício no altar de Artemis; noutra Iphigenia se torna uma heroína, e o sacrifício toma um diferente significado. Visto que o aborto é um tipo de sacrifício, eu acredito que uma exploração desse mito poderia abrir novas avenidas de pensamento." (p. 34)

"Dum ponto de vista pagão, é totalmente estúpido e mesmo absurdo sacrificar uma mãe para o propósito de um recém-nascido, porque a criança obviamente necessita dela ... Artemis, que personifica respeito pela vida animal, aceita a necessidade da caça, mas somente se as regras e os rituais de absolvição são observados. Na maioria das religiões de deusas, uma razão similar é aplicada aos fetos e aos recém-nascidos. É moralmente aceitável que uma mulher que dá a vida possa também destruí-la sobre certas circunstâncias ..." (p. 53)

"Nossas atitudes sobre o aborto são sub-consciosamente estampadas pelos valores judaico-cristãos, até entre aquelas pessoas que se consideram livres deles. Nós estamos agora no limiar de uma liberalização de atitude frente ao aborto em muitas direções, comparáveis à liberação de atitudes sexuais trinta anos atrás." (p. 5)

"À sede de sangue de Abraão, Deus encorajou o sacrifício humano em tempo suficiente para o patriarca acreditar que a oferenda de seu único filho Lhe seria agradável ... Quando Jeová detém o braço de Abraão, declara que ele não quer ser mais honrado dessa maneira: essa cena marca uma evolução na mitologia Judaico-Cristã." (p. 37)

"O paganismo foi desacreditado pela imagem de uma criança inocente sendo arrastada por corruptos pagãos a um altar para ser sacrificada a uma deusa cruel, como se Deus não tivesse também pedido o sacrifício e crucifixão de seu único filho." (p. 41)

"A mitologia Judaico-Cristã tem tido a maior influência em nossa cultura Ocidental por quase dois mil anos, fornecendo as idéias, valores e imagens simbólicas. Nós podemos apagar dois mil anos de influência monoteísta, desmoronando todas as práticas religiosas e declarando as nossas livres da fé de nossos pais? Certamente não como tem sido provado por nosso repentino despertar aos valores ecológicos. Nós estamos apenas começando a entender como uma religião que tira da natureza sua santidade, de forma a colocar tudo de sagrado em um Deus (cujo reino não é desse mundo) pode ser perigosa às árvores, animais, oceanos, florestas e consciência pessoal, tudo que era considerado recipiente do divino na Antigüidade politeísta." (p. 4)

"...há mais de um caminho para definir moralidade, dignidade humana, direitos da criança, e os assuntos de responsabilidade coletiva pela vida e morte. É também claro que tudo isso está intimamente ligado à ecologia global." (p. 6)

"...nós devemos constantemente monitorar os valores ligados à desonra, conforme educamos as próximas gerações, de forma a poder deixá-los de lado quando não mais expressam nossos ideais... "Quando um aborto é necessário, não só deveria deixar de existir qualquer vergonha, mas deveria haver um novo consenso de que ter uma criança que não possa ser cuidada adequadamente é vergonhoso." (p.106)

"Não é imoral escolher o aborto; é simplesmente um outro tipo de moralidade, a pagã. É tempo de parar de ser defensivo a esse respeito, tempo de apontar um dedo acusatório em outro campo e denunciar sua própria posição imoral." (p. 56)

"Como Artemis deveria matar um animal ferido preferentemente a permitir-lhe mancar miseravelmente, assim uma mãe deseja poupar o filho de um destino doloroso." (p. 56)

"... os homens que decidem matar ou não em guerra então ousam falar a respeito de crime e assassinato quando uma mulher sacrifica um feto não mais importante do que uma uva seca e menos consciente do que uma galinha.... Os seres sacrificados em abortos não sofrem como as vítimas de guerra e desastres ecológicos.... A guerra é santificada ... pelos nossos líderes religiosos. Mas deixar uma mulher abortar um feto que nem mesmo tem o aparato neurológico para registrar o sofrimento, as pessoas se chocam." (p. 25)

"É raro para uma mulher escolher aborto porque de algum jeito ela odeia o feto. Ela o sacrifica por causa de algo que julga nesse momento ser mais importante, seja uma criança existente ... seja sua própria sobrevivência física, econômica ou psicológica, ou o destino do planeta." (p. 95)

"Essa mesma qualidade nos permite visualizar um mundo de respeito crescente pelas crianças, um mundo em que alguém pode ocasionalmente recorrer ao aborto quando é necessário sacrificar o feto a um causa mais alta, especialmente, o amor às crianças e a recusa em vê-las sofrer." (p. 107)

"Alguns valores são dignos de sacrifício ... O aborto sempre foi e continua a ser um outro caminho de escolher a morte sobre a vida." (p. 51)

"... o retorno da antiga deusa Artemis nos convida a imaginar uma nova partilha de poderes de vida e morte entre homens e mulheres, e alocação que permite aos homens apreciar o custo de uma vida, e às mulheres tomarem decisões baseadas em seus conhecimentos de mãe." (p. 27)

"Alguém deve preservar na própria personalidade ... uma força intacta, inviolável e radicalmente feminina; isto é, a parte Artemesiana do anima que guarda a zona não domesticada de nossa psique, sem que nós nos arrisquemos a nos tornarmos seres humanos domesticados em excesso, tão facilmente tangíveis." (p. 107)

"Obviamente, todos têm um direito às suas crenças religiosas, mas quanto a minha sendo Pagã?" (p. 57)

"Nossa cultura precisa de novos rituais, assim como leis para restaurar o aborto à sua dimensão sagrada, que é tão terrível e necessária." (p. 92)

"O aborto é um sacrifício a Artemis. O aborto como um sacramento ao dom da vida permanece puro." (p. 107)

Uma palavra final:

"Porque toda carne é como a erva, e toda a sua glória como a flor da erva. Seca-se a erva e cai a flor, mas a palavra do Senhor permanece eternamente (Is 40,6s). Ora, esta palavra é a que vos foi anunciada pelo Evangelho." Agora essa é a palavra através da qual o evangelho foi pregado a você. (I Pe 1, 24-25)

Se você desejar maior informação, por favor ligue para Willy Peterson em: (913) 441-1710, ou mande um e-Mail para willypete@juno.com

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