Nova lei de casamento em Israel importa num ritual de purificação genética, argumenta Todd May*
"Casamentos entre Judeus e cidadãos da Alemanha ou de algum sangue relacionado são proibidos. Tais casamentos contraídos apesar da lei são inválidos, mesmo se eles tomam lugar no exterior a fim de se subtrair à lei." -- (Lei para Proteção do Sangue Alemão e Honra Alemã, 1935, Parte 1.)
Em Julho último, o Knesset Israelense votou para promulgar uma lei negando cidadania a Palestinos dos territórios ocupados que casam com cidadãos Israelenses. O aspecto mais chocante da lei foi que ela não surpreendeu ninguém.
Devemos ser claros a respeito do que essa lei implica. Pessoas que são Holandesas, Indonésias, Cambojanas, Uruguaias ou Canadenses receberão cidadania Israelense se elas se casarem com um cidadão Israelense de acordo com a lei Israelense. De todas as pessoas no mundo, somente Palestinos são barrados de cidadania Israelense através do casamento.
Sabemos, obviamente, que essa lei é desenhada para prevenir o terrorismo. Palestinos, nós todos sabemos, são terroristas, particularmente quando estão em um clima matrimonial. Sabemos também que a Operação Escudo Defensivo, que destruiu a estrutura educacional, municipal, econômica e política dos territórios ocupados, foi desenhada para prevenir o terrorismo. Sabemos o mesmo a respeito dos recentes ataques sobre a liderança do Hamas e do Jihad Islâmica, muito embora seus efeitos fossem, como todos predisseram que seriam, para promover o terrorismo.
Enquanto ninguém possa levar a sério a razão proclamada para a nova lei, poucos têm perguntado qual seria a motivação para uma tal lei. Ela não é, observando-se sobriamente, uma forma de proteção. É uma forma de eugenia. O que Israel quer fazer é prevenir, no interior dos limites de Israel, o acréscimo de pessoas de descendência Palestina. Pessoas de outra descendência podem ser acomodadas. Pessoas de descendência Palestina não.
Que isso é eugenia em vez de um programa político é provado pelo fato de que não há quaisquer leis barrando a cidadania para povos de descendência holandesa que favoreçam direitos aos Palestinos, ou Palestinos que pensam que a política de Israel seja justa e correta. Há somente um fator que embarreira tal cidadania: ter o sangue errado. A nova lei é um ritual de purificação genética. Sob suas restrições, Israelenses Palestinos são desencorajados a casarem, muitos dos quais com quem eles possuem ligações históricas. De igual importância é que Israel como uma sociedade é mantida pura. O país não será manchado com sangue Palestino, exceto pela infeliz continuação do sangue que já está contido naqueles que permaneceram depois do exílio de 1948. Manter-se-á sua linhagem, tal como é (o debate daquele Que é um Judeu ainda sendo não resolvido), higiênica.
Estamos todos cientes da ressonância histórica de um tal programa. Em projetos de extermínio, sejam eles físicos, culturais ou geográficos, é importante assegurar que o objeto do extermínio seja visto como uma doença, um tumor maligno ameaçando o corpo político. Políticos de Israel tem por muito tempo se referido aos Palestinos como sub-humanos. Eles têm freqüentemente sido rebaixados ao nível de insetos e roedores. Agora, eles são uma impureza que necessita ser limpa. A estrutura legal de Israel retornou à eugenia Nazi.
Essa analogia ofende o povo. Muitos dirão que há diferenças importantes entre a lei de Israel e a eugenia Nazi. Não há um Joseph Mengele. Não há campos de extermínio. Mesmo as leis Nuremberg são mais fortes do que a lei que Israel aprovou. Ademais, as leis de Nuremberg proíbem casar com Judeus; a lei de Israel somente proíbe cidadania aos Palestinos que casem com Israelenses. Um tal argumento confunde o propósito da analogia histórica. Analogia não é identidade. Nenhum dos dois programas de eugenia será em algum tempo o mesmo. Quando a história se repete, não é através de réplicas exatas.
A questão não é quais programas históricos Israel repete palavra por palavra. É particularmente em que categoria de leis e políticas Israelenses se incluem. As políticas de Israel não são democráticas; mesmo no interior de Israel, aos Palestinos não são garantidos direitos iguais. Eles não são colonos; o povo dos territórios ocupados não são mais explorados – eles são despossuídos, famintos, geograficamente sufocados, exilados e assassinados. As políticas de Israel, examinadas com justiça, são eugênicas. Assim fizeram os Nazis, e em muito da mesma forma.
Isso é o motivo pelo qual há tão pouca surpresa quando a lei recente foi promulgada. Há muitos indivíduos que apóiam o tratamento de Israel aos Palestinos. Meu próprio país, os Estados Unidos, faz isso como um assunto de política oficial. A nova lei, tanto quanto qualquer ação isolada de Israel, revela àqueles que estão desejando olhar o caráter do que está sendo apoiado. Pode-se somente se espantar e temer por quais similares restrições serão impostas sobre a Margem Ocidental e a Faixa de Gaza enquanto Israel continua com sua perseguição do Lebensraum.
* O escritor é professor de filosofia na Universidade de Clemson e co-editor da Operação Escudo Defensivo: Testemunhas aos Crimes de Guerra de Israel (Pluto Press, 2003).
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