Wednesday, December 08, 2021

O envolvimento judaico na produção e refinamento de açúcar

O Prof. Ass. David W. Leinweber, da Emory University, há algum tempo promoveu uma típica "refutação" panfletária ao livro The Secret Relationship Between Blacks and Jews. Ela é quase desprovida de quaisquer pontos úteis para um debate (isto é, sobre o assunto dos judeus e o comércio de escravos), exceto no que se refere a uma sentença que o autor usa como um fulcro, aparentemente para colocar no eixo a peça de sua "destruição" do livro em sua sagaz "correção" do registro histórico. Falando do "terrível" comércio de escravo, Leinweber conclui simplesmente, e com a mais curta sentença, com a frase: "NO CORAÇÃO DELE ESTAVA O AÇÚCAR."

 

A passagem seguinte contém os dois primeiros parágrafos de um verbete da Encyclopedia Judaica, vol. 15, pp. 487-88 sob o cabeçalho COMÉRCIO E INDÚSTRIA DE AÇÚCAR: 


"Na Idade Média o açúcar era um artigo de luxo, e o açúcar para o consumo europeu era produzido na Síria, Palestina, Creta, Egito, Sicília e sul da Espanha. Os registros do Genizah do Cairo revelam que a produção e venda do açúcar de cana-de-açúcar foi uma das ocupações mais comuns dos judeus na Idade Média; Sukkari foi um nome de família comum entre o começo do século XI até o fim do século XIII, no Egito e no Norte da África. As refinarias de açúcar estavam freqüentemente em mãos judias. Os judeus foram mencionados como exportadores de açúcar de Creta no século XV. Quando o açúcar começou a ser usado para consumo diário (século XV), Marranos [judeus em segredo] exerceram um papel de liderança na introdução do cultivo da cana-de-açúcar nas ilhas atlânticas do Madeira, Açores, ilhas do Cabo Verde, e São Tomé e Príncipe no Golfo da Guiné, e no século XVI nas ilhas do Caribe. Eles também trouxeram o cultivo da cana de açúcar do Madeira para a América, e o primeiro grande proprietário e engenhos de açúcar, Duarte Coelho Pereira, permitiu a muitos especialistas judeus em processamento de açúcar irem ao Brasil. Entre eles estava um dos primeiros proprietários judeus importantes de engenho de açúcar, Diogo Fernandes."

 

Na Europa, marranos que eram atuantes no comércio internacional, como a família de mercadores *Ximenes, exerceram um importante papel na importação de açúcar para Lisboa e dali para o noroeste da Europa, especialmente Antuérpia. Durante o século XVI e início do XVII havia muitos judeus entre os mercadores de Antuérpia, a colônia portuguesa, que era central para o comércio de açúcar no porto e que exerceu um papel vital no desenvolvimento de Antuérpia como o mercado central de açúcar da Europa, onde muitas refinarias foram estabelecidas. Eles fizeram do Brasil, onde vários judeus portugueses haviam estabelecido plantações de açúcar e engenhos, a mais importante área de produção açucareira no mundo. Por volta de 1620, Amsterdã tomou o lugar de Antuérpia no comércio de açúcar e muitos marranos deixaram o Brasil e Portugal para assentarem-se em Amsterdã. Alguns judeus (p. ex., Abraham e Isaac *Pereira e David de Aguilar) possuíram refinarias em Amsterdã.  Em 1639 dez dos 166 'engenhos' do Brasil holandês pertenciam a judeus assumidos, enquanto outros pertenciam a marranos que mantinham seu judaísmo em segredo. Os judeus do Brasil não foram importantes como proprietários de engenhos, mas sim como agentes financeiros, representantes, e comerciantes exportadores. Quando o Brasil caiu de novo sob o governo português na segunda metade do século XVII muitos judeus emigraram para o Suriname, Barbados, Curaçao e Jamaica, onde eles adquiriram muitas plantações de cana-de-açúcar e tornaram-se os empreendedores líderes do comércio de açúcar. Benjamin d'Acosta introduziu a cana-de-açúcar na Martinica, em 1655, levando com ele 900 judeus (que haviam sido expulsos em 1683). A produção de açúcar foi introduzida na África do Sul em 1840 por Aaron de Pass de Natal.


A partir do início do século XVII, Hamburgo exerceu um papel crescente no comércio açucareiro europeu - em considerável medida, graças às atividades dos marranos que lá se assentaram. No início do século XVIII, judeus portugueses perderam sua posição de liderança no comércio de açúcar, em Hamburgo devido ao crescimento da competição, e no Brasil devido às perseguições aos marranos e ao declínio geral do comércio naquele país. Na primeira metade do século XVIII, Londres gradualmente desbancou Amsterdã como o centro do comércio de açúcar; ao mesmo tempo o papel dos judeus tornou-se menos importante.

 

Os judeus também exerceram um papel de liderança no desenvolvimento da indústria de açúcar de beterraba na Polônia, Russia, Ucrânia, Hungria e na Boêmia. No Leste Europeu os judeus foram os compradores tradicionais da produção agrícola dos estados e freqüentemente alugavam a refinaria local dos proprietários de terra. Solicitações de judeus poloneses para levantar refinarias de açúcar foram declinadas pelas autoridades em 1816, 1827, 1834 e 1837. Finalmente, Hermann Epstein construiu sua primeira refinaria em 1838 e por volta de 1852 a sua era a maior e mais moderna da Polônia. A ele se uniu L. Kronenberg e outros líderes industriais e financistas judeus poloneses. Na Ucrânia, Israel Brodsky inicialmente ajudou a financiar Count Bobrinski, pioneiro do açúcar de beterraba russo, e depois ele ajudou seus filhos a estabelecerem numerosas refinarias. Outros judeus entraram neste ramo (como M. Halperin e M. Sachs) até 1872 um quarto da produção total de açúcar da Rússia estava em mãos judias. Em 1914, 86 refinarias na Rússia (32% do total) eram de propriedade de judeus; 42,7% dos administradores das companhias joint-stock de açúcar eram judeus, e dois terços do comércio de açúcar estava em mãos judias. A percentagem de trabalhadores judeus, administradores, técnicos e cientistas empregados no ramo era correspondentemente alto. Entre as duas guerras mundiais, os judeus na Polônia foram empurrados para fora do comércio por meio da política econômica anti-semita. Na Hungria um papel pioneiro no desenvolvimento da indústria de açúcar de beterraba foi desempenhado por Ignac Deutsch; seu neto Sandorde Hatvany Deutsch (1852-1913; veja família Hatvany-Deutsch) aumentou a firma e representou a Hungria nas conferências internacionais sobre o açúcar.

 

Em Israel. No começo dos anos de 1950 duas refinarias de açúcar de beterraba foram estabelecidas em Atula e Kiryat Gat, ambas por razões comerciais e considerações sociais tais como prover emprego em áreas em desenvolvimento. A produção de açúcar de beterraba cresceu de 21.000 toneladas em 1955 ao pico de 295.000 em 1965 (quando 37.000 toneladas de açúcar foram produzidas). Em 1969 somente 22.500 toneladas de açúcar foram produzidas (18% do consumo) porque baixos preços internacionais levaram a menores lucros para os plantadores e benefícios para a economia.

 

Bibliography: S. D. Goitein, Mediterranean Society, I (1967), index; H. Landau, in: ShriJtenfar Ekonomik un Statistik, I (1928), 98-104 (Yid.), 16-17 (Ger.); E. o. von Lippmann, Geschichte des Zuckers (19292); D. D. Weinryb, Neueste Wirtschaftsgeschichte der Juden in Russland und Polen (1934), index s.v. Zucker; P. Friedman, in: Jewish Studies in Memory of G. A. Kohut (1935), 231-2, 241 (Ger.); H. J. Bloom, Economic Activities of the Jews of Amsterdam (1937), index; N. Deerr, History of Sugar, 2 vols. (1949-50); H. Kellenbenz, Sephardim an der unteren Elbe (1958); N. Shapira, in: Gesher, 4 (1958), no. 3, 101_12; Roth, Marranos,

 

Leinweber fez uma colocação útil em seu exposição sobre os judeus e o comércio de escravo. "NO CORAÇÃO [do comércio de escravo] ESTAVA O AÇÚCAR", ele enfaticamente nos lembra. A Encyclopedia Judaica complementa a tese de Leinweber ao enfaticamente afirmar que NO CORAÇÃO DO AÇÚCAR, ESTAVAM OS JUDEUS.

 

[Nota: Não há quaisquer negros muçulmanos na Encyclopedia Judaica]

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